sábado, 1 de setembro de 2012

Visão Não Muito Além do Alcance



Entra ano, sai ano, e o De/Vision continua lançando álbuns redondinhos. Não espetaculares, mas satisfatórios. Talvez a busca frenética pelo bastão que o Depeche Mode largou em 1990 (no álbum Violator) tenha finalmente acabado, porque no novo Rockets & Swords não tem nada assim tão xerocado dos ingleses como é possível encontrar em trabalhos anteriores do duo alemão.



 

 O que parece ter faltado no disco é um single forte - em Popgefahr, disco de 2010, tínhamos "Rage" na linha de frente - mas em Rockets & Swords nenhuma canção salta aos olhos. Candidatas seriam a faixa de abertura "Boy Toy", que tem uma levada OK mas deixa o pique cair um pouco no refrão sussurrado, enquanto "Superhuman" convence pela bela orquestração sintética, mas tem paradas não muito estratégicas e carece de mais apelo pra caber num compacto. Mas a homogeneidade das 12 faixas compensa. O melhor aqui é a produção cristalina, aliada aos vocais melodiosos e seguros de Steffen Keth (acompanhe o bom trabalho do vocalista em especial na climática "Beauty of Decay") mais o instrumental cheio de recursos do tecladista Thomas Adam, que preenche os arranjos com soluções interessantes (guitarras em "Brotherhood Of Man", ruídos e estalos que vão formando a base percussiva de "Want To Belive", os timbres retrô dos synths de "Bipolar"). Só acho que a dupla poderia investir mais em músicas como "Kamikaze", pra mim a melhor do disco. Com letra em alemão, levada irresistivelmente dançante e refrão do tipo chamada/resposta, "Kamikaze" seduz não só pela simplicidade da batida e pela economia certeira dos sintetizadores, mas principalmente pela elegância do sotaque - em geral eu acho um tanto ameaçadoras canções cantadas no idioma de Goethe, mas esta aqui está perfeita; é uma espécie de elo perdido entre Falco e Kraftwerk e é uma prova que o De/Vision talvez pudesse voar mais alto se acreditasse na autenticidade do idioma como uma arma na mão pra se destacar no rebanho eletrônico do pop atual, que cresce desordenadamente.

"Kamikaze": alguém entendeu a letra?

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