segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Segunda Class: Nightmares On Wax


O trip hop vinha ensaiando timidamente uma tentativa de retorno ao pico de popularidade que atingiu no meio dos 90. O problema é que a falta de bons álbuns não deixou que artistas menores recolocassem o gênero numa segunda onda convincente e as bandas do primeiro escalão lançam discos com uma peridiocidade de fazer inveja ao finado Dorival Caymmi: o último do Massive Attack é de 2010 (sete anos depois do álbum anterior), Geoff Barrow do Portishead disse ano passado que um disco novo do grupo pode sair daqui dez anos, DJ Shadow anda devendo e Tricky voltou esse ano com um álbum apenas razoável.

 O britânico George Evelyn - ou DJ EASE, ou ainda seu alias mais famoso, o Nightmares On Wax - não dispunha de material original desde 2008. Volta agora em 2013 com um disco que compensa, e muito, os cinco anos de espera.

Feelin' Good acabou de sair pela Warp Records, seu lar desde o começo dos 90 e de álbuns essenciais do período, como Smokers Delight (1995) e Carboot Soul (1999).
O que Evelyn consegue nas dez faixas do álbum é amarrar o conceito do trip hop com todas as suas bases bem distribuídas: são canções muito diferentes umas das outras, mas que fazem todo sentido agrupadas em forma de disco. Feelin' Good tem soul clássico (a linda "Give Thx" soa 1966), funk ("Tapestry"), reggae ("Now Is The Time"), hip-hop, eletrônica e experimentalismos enfumaçados ("There 4u"). Ocasionais detalhes afro ("Be, I Do"), arranjos geniais (note o trompete jazzy e a base camerística de "So Here We Are") e a desolação convertida em beleza na acústica "Master Plan" (com os vocais pequenininhos da cantora folk Katy Gray), fazem do álbum um dos mais consistentes lançados com o carimbo trip hop nos últimos tempos, e se coloca confortavelmente ao lado do que melhor George Evelyn já fez. Não é pouca coisa.

Feelin' Good condensado em três minutos e meio:

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