sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Five


Quem imaginaria que os ingleses iriam copiar produções francesas de dance? Pois o French Touch está todo aí nesse single do Five de 2001, "Let's Dance": compressão, vocoders, guitarrinha funky, baixo disco e dinâmica de house music. Claro, o produto foi embalado num pacotão pop pra boy band inglesa chegar no topo (e foi, de fato, número um no Reino Unido), mas os tiozinhos do estúdio que compuseram e produziram "Let's Dance", fizeram um ótimo trabalho - a faixa é um grude instantâneo. Esqueça a atuação pífia dos moleques no vídeo e concentre-se nesse groove fora dos padrões infantojuvenis das produções do gênero.

"Let's Dance": "If you wanna dance, this is our chance...".

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Basement Groove

Basement Jaxx                                                           Groove Armada
Basement Jaxx e Groove Armada: nomes de peso no universo do beats. Ambos começaram no meio dos anos 90 e vem mantendo-se com lançamentos interessantes durante esse período de atividades, embora os dois projetos ingleses tenham perdido boa parte de sua popularidade inicial.

O Basement Jaxx de Felix Buxton e Simon Ratcliffe lançou em Agosto seu sétimo álbum. Imediatamente mais acessível e festivo que o antecessor Zephyr (2009), Junto é uma coleção de treze faixas extremamente agradáveis de se ouvir. Tem desde o pop house de "Never Say Never" até excentricidades leves como a disco flamenca "Mermaid of Salinas" (com percussão bem familiar e vocais da brasileira Nina Miranda, do Smoke City). O jungle claustrofóbico de "Buffalo" destoa um pouco da vibe ensolarada de Junto, mas as contagiantes "Power to the People" e "Unicorn" põem as coisas no lugar. De quebra, a relaxada "Something About You" com sua melodia percussiva garrafal e vocais sexy (que eu não sei a quem pertencem, mas adoraria saber).

"Power to the People":



A discografia recente do Groove Armada é confusa. Nenhuma informação no site oficial e mudanças constantes de gravadora dificultam a vida de qualquer fã do trabalho de Andy Cato e Tom Findlay. O álbum mais recente é White Light, de 2010. Já os EPs, pelo que pude apurar, foram três esse ano: Pork Soda, Stairwell Felony e Love Lights the Underground (saíram pelos selos Moda Black, Get Physical e OM Records, respectivamente). Ouvindo os últimos lançamentos do Groove Armada, dá pra sacar que a dupla anda repetindo uma fórmula meio genérica: linha de montagem com carroceria house e samples vocais nos refrões-gancho. Um tanto minimalista e econômico (no mau sentido) no EP Stairwell Felony ("Highway 101" é uma das piores coisas que já ouvi do duo) e um pouco mais animado em Love Lights the Underground: pianos houseiros em "Soho Disco", um sax cortante em "Hold On" e a boa trama baixo/percussão de "Come On Go Out" compensam os polegares pra baixo para a fraca "Set Me Free".

"Come On Go Out":

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Bomnobo


Sob o pseudônimo Bonobo, o produtor britânico Simon Green lançou ano passado The North Borders, um ótimo disco de eletrônica e uma bem resolvida e minuciosa fusão entre downtempo e ambient. Em Junho último, Green apareceu com o EP Ten Tigers, com duas faixas do álbum retrabalhadas mais uma inédita. A própria "Ten Tigers" não perdeu seu loop de piano original e ainda ganhou uma linha de baixo oscilante e baterias mais esparsas na versão "Bengal Edit". A nova "Duals" exibe a criatividade de Bonobo na justaposição de camadas de teclados e o senso rítmico do artista, que encaixa com precisão e elegância a batida aos sintetizadores. O grande destaque do EP, no entanto, é o remix da DJ, produtora e gata Maya Jane Coles para a belíssima "First Fires". Originalmente delicada, sinfônica e com os vocais blueseiros do compositor americano L.D. Brown (Grey Reverend), a "First Fires" houseificada imaginada e realizada por Maya - que também é engenheira de áudio - tem frequências de sub grave aproximando-se do limite que o ser humano consegue ouvir. Sensacional.

"First Fires" (Feat. Grey Reverend) [Maya Jane Coles Remix]: soco no plexo solar.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Beat Macho


O duo franco-americano Benoit & Sergio é bom de groove. Prova disso é seu EP Your Darkness (saiu em Julho, pela Visionquest). São três faixas de tech house com eventuais samples de vozes sem rosto e batidas bem trabalhadas. Ouça a robusta "Beat Macho" e entenda o que estou escrevendo. "Splash" privilegia a linha de baixo e dá uma quebrada no ritmo, mas a certeira "Your Darkness" - com seus vocais lânguidos e robóticos e que, conceitualmente, me lembrou "Ecstasy", do New Order - é o ponto alto aqui.

"Your Darkness": faixa-título que, não por acaso, é a melhor do EP. 

domingo, 19 de outubro de 2014

Mysterious Ways


Fennec é uma incógnita. As pistas sobre quem é esse produtor são poucas e, acho, falsas. Na sua página no Bandcamp, a foto é essa aí acima e a localização, Saara Ocidental (um território não-autônomo disputado pelo Marrocos e pelo movimento independentista Frente Polisário). No seu site oficial, uma série interminável de fotos; de paisagens de tirar o fôlego até a beleza fria do concreto nos centros urbanos. Com seu nome artístico extraído de uma espécie de raposa nativa dos desertos do Norte da África e da Arábia, saber quem é ou de onde Fennec vem, não influencia em nada o prazer que é ouvir o seu primeiro disco, lançado no começo do ano.

A lista de agradecimentos de Let Your Heart Break dá uma ideia de como esse álbum soa: Aphex Twin, Zomby, Flying Lotus, Jay-Z, DJ Koze, Four Tet, Jai Paul, Araabmuzik, Trentemøller, Röyksopp, John Talabot, The KLF, Pantha du Prince, Art of Noise... Em suas 15 faixas, ambient convive em paz com techno, hip-hop funde-se à house, IDM e downtempo são uma coisa só. São samples de vozes indecifráveis (só na sexta faixa, "Woke Up Feeling Disconnected", é que reconheci uma amostra de alguém que lembra Roland Orzabal, do Tears For Fears) e uma fluidez notável: as músicas vem unidas umas às outras e mesmo tratando-se de composições totalmente independentes, Fennec desenvolveu e distribuiu tão bem seu conceito de eletrônica emocional a partir de trechos previamente gravados unidos à timbres e texturas originais, que garantiu uma homogeneidade raríssima pra um disco que oferece tantos aspectos e ideias diferentes.

"Hemlock Groove" é um bom exemplo da técnica criativa de sampleamento e edição de Fennec. A tentativa aparentemente improvável é de encaixar um discurso raivoso e ininteligível de rap numa base house dançante pontuada por um loop bizarro. E o produtor acertou.

 


A brilhante "Polygonal Range" expõe um riff techno como chamariz enquanto várias camadas de sintetizadores se sobrepõe no segundo plano: 

"Blurred Lights" transforma um sample vocal num mantra, com teclados noturnos e alta dançabilidade:


Com Let Your Heart Break, coloco Fennec tranquilamente ao lado da maioria dos artistas que ele citou em sua lista. Samplear com criatividade e usar esses trechos nos lugares certos, com bases instrumentais sólidas e bem pensadas, nos dias de hoje, é um dom cada vez mais raro. Fennec apareceu do nada e de cara, debuta com um trabalho excelente, em total conexão com uma linha nobre de álbuns como Since I Left You (The Avalanches) e Entroducing (DJ Shadow). Descubra já.

Let Your Heart Break: um dos melhores discos de eletrônica do ano. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Xpansions


A ordem era dada de cara: "I've said it before and I'll say it again, dance whilst the record spins!" E em questão de segundos, estávamos todos entregues. Bom, posso falar por mim. Eu dançava essa até o limite da cãibra. O Xpansions foi inventado pelo produtor Richie Malone, que assinou contrato com a Arista-BMG em 1990 e debutou com esse single, hit no mundo inteiro (o rosto do projeto era a cantora e atriz Sally Ann Marsh, mas não tenho certeza se o refrão-título foi cantado por ela). É um blend com elementos que se completam: o refrão "Move your body, hiiiigher, hiiiigher, hi-hi-hiiigher!" com o mesmo sample de sintetizador que o S-Express usou em "Theme From S-Express" (a espetacular "Is It Love You're After", de Rose Royce), o baixo monocórdico com o bumbo demolidor, o riff de teclado grudando nos strings sintéticos de violino... deu certo demais. A faixa foi tão imensamente popular nas raves e danceterias, que beliscou o sétimo lugar do paradão inglês de singles (e o quinto na parada dance da Billboard), quase um ano depois do lançamento, em 1990, além de ter sido licenciada pra figurar em mais de 100 coletâneas mundo afora e somar vendas em torno de 10 milhões de cópias.

Olha o frenesi da molecada que frequentava o clube Quadrant Park, em Liverpool, no começo dos 90, com as primeiras notas do teclado de "Elevation":



"Elevation" (Club Mix):

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Fake French


Mesmo com essa pinta de soldado do Exército Imperial Francês, Louis La Roche é o nome artístico do britânico Brett Ewels. Seu recente EP Dusty Cassette homenageia os 80 em seis faixas que limam os graves e privilegiam timbres de bateria à la Jimmy Jam & Terry Lewis, em três R&Bs de respeito: "Wondering", "I Wanna Be Your Man" e "The Way She Makes Me Feel". Só não sei onde ele arrumou esses vocais que são puro soul, mas desconfio fortemente que foram chupados via sampler. São bons demais pra serem 2014. Pra dar aquela maltratada no assoalho, duas faixas ("Ghost" e "Take Control") com cheiro de funk eletrônico pós-disco, mas produzidas com os loops e recortes típicos do french house praticado por La Roche. Bem bom, hein.

Dusty Cassette EP: pra sentir o gostinho.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Lá Onde o Sol Não Bate


O sintomático refrão da música que abre o novo EP do chileno Matias Aguayo, "Run Away From The Sun", esclarece o tom sombrio de seu mais recente lançamento. Legende (saiu no começo do mês, pela Kompakt) adentra titubeante numa neblina techno experimental, sem rastro de luz, mesmo. "Run Away From The Sun" tem vocais melancólicos a despeito do ritmo dançante. Descendo a régua do pitch, a faixa título - pesada e instrumental - é a que mais se aproxima de algo que funcionaria numa pista de dança, mas acho que Aguayo não tá nem aí. "Lola In The City" é um passeio minimal em andamento lento por bleeps techno, que só não soa mais sinistra que o rolê do produtor pelos quatro misteriosos minutos de "Walty". Legende tocaria inteiro no Crepúsculo de Cubatão.


"Run Away From The Sun": nada animador.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pratos Sibilantes


Tô dizendo que tem que ter fôlego de maratonista queniano pra acompanhar os lançamentos hoje em dia. Como é que eu passei batido por essas duas estilingadas de um dos leviatãs da house, Todd Terry? O single Tonite / Rock That saiu em Abril, ou seja, ainda tá valendo muito. Ambas vem com o hi-hat desempenhando um papel tão importante quanto o bumbo. "Tonite" é movida por um baixo sintético e tem vocais referentes ao título da faixa repetidos à exaustão, enquanto "Rock That" é recheada com samples de flautas e metais altamente funkeados. Quem sabe, sabe.

"Tonite": 



"Rock That":

domingo, 12 de outubro de 2014

House Funcional


Com um início de carreira apoiado por Eric Pridz, o produtor norueguês Jonas Fehr (Fehrplay) se sai melhor que os últimos singles do tutor. OK que seu single "Everywhere You Go" não é nada demais em termos criativos, mas tem um baixo a base de elastômero muito funcional e pianos galopantes no melhor estilo ítalo da virada 80/90.

"Everywhere You Go": pianinhos familiares.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Sound Factory


Como nossos extenuados sampleadores atuais, os suecos do Sound Factory só tiveram a manha de juntar trechos ganchudos de outras canções e encaixá-los nos lugares certos na picaretagem euro house "Understand This Groove" (1992). Foi só adicionar um som de bumbo um pouco mais potente, repiques de caixa e um baixo que corre juntinho com o riff de sintetizador. Foda foi a dupla de produtores James Gicho e Emil Hellman chamar isso de sua música e o que parecia ser só mais uma trombada de samples prensada em vinil pra enlouquecer os clubs, acabou frequentando até a parada da Billboard. O trampo, digamos, não muito honesto, usa um sample de "Understand This Groove (I Really Love You)", gravado por U.F.I. & Frankie Pharoah (1990), que não apareceu nos créditos do single. Tsc tsc. Afora razões legais, a música continua um balaço.

Vocais de Franke Pharoah, em "Understand This Groove", do projeto U.F.I. (de Phil Mills):



Riff de sintetizador do clássico "I Like It", dos canadenses do Landlord (1989):


Mais alguns teclados extraídos de "Samba" (1992), do House Of Gypsies (de Todd Terry):



E como ficou, com o Sound Factory:

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Kamp Nou


Bom saber que os poloneses do Kamp! melhoraram bastante desde a última vez que os ouvi, em 2012. Seu EP mais recente, Baltimore (saiu no final de Agosto), privilegia os quadris com um synthpop baleárico de vocais sonolentos e levadas disco. A faixa título exemplifica a descrição, embora a ótima "Parallels" (com sua bateria pesada e baixo irresistível), seja a melhor faixa do disquinho. Evolução a olhos vistos.

Uma geral em Baltimore EP: futuro promissor.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Corners of My Mind


Ouvindo um set de new wave no último fim de semana, me deparei com uma faixa que estava numa gaveta não muito acessada do meu cérebro. Trata-se da musculosa "Glittering Prize", single de 1982 dos escoceses do Simple Minds. A canção faz parte do melhor disco da banda, New Gold Dream (81–82–83–84), num momento especialmente criativo que antecede a fase dos empolados hinos de estádio "Don't You (Forget About Me)" e "Alive And Kicking". A banda, afiadíssima, funcionava como um relógio suíço ao vivo, é só dar um confere no vídeo abaixo (diz aí, que baixo é esse?):



Em tempo: os Minds estarão com disco novo (Big Music) no mercado dia 03 de Novembro, seguido de uma tour europeia com datas que vão de Fevereiro até, por enquanto, Maio de 2015. Abaixo, "Honest Town", primeiro vídeo extraído de Big Music.

domingo, 5 de outubro de 2014

Synthpoppers 2014 - Part 2

Veteranos. Três bandas vindas dos 80, três projetos que não envelheceram muito bem. Erasure, Information Society e And One seguem na ativa, mas com álbuns um tanto decepcionantes. 

Os fãs de Andy Bell e Vince Clarke não podem acusar a dupla de improdutividade. De 1986 pra cá, são 16 álbuns, fora projetos paralelos, EPs e singles. O disco mais recente é The Violet Flame, lançado mês passado e produzido em parceria com Richard "X" Philips. É ouvir uma vez e sacar que o Erasure continua com o mesmo problema que vem desde I Say I Say I Say (1994): irregularidade. O duo simplesmente não consegue mais produzir um álbum em que ao menos metade dele seja realmente de boas canções. Em The Violet Flame, as faixas mais legais foram estrategicamente colocadas no começo e são só duas: "Dead of Night" (que aparenta ter bom potencial pra pista de dança) e o single "Elevation", em que nota-se um cuidado maior com a melodia e o refrão. "Reason" e "Paradise" são duas amostras de como o Erasure conseguiu trazer o synthpop pra 2014 sem muitas rugas: com o bom direcionamento proporcionado pelo esperto Richard X, elas soam musicalmente robustas sem perder o charme particular dos sintetizadores de Vince Clarke. Negócio é que eu imagino a briga no estúdio pra conter o ímpeto de Andy Bell em baladas cabaré totalmente insossas como "Be the One" e "Smoke & Mirrors".

"Dead Of Night":





O conceito de uma sociedade informatizada ficou nos 80, hoje ele é realidade. Já o Information Society nessa época jurou que não carregaria seus teclados antiquados pra cima dos palcos num futuro não muito distante. Em 1997, eles pareceram cumprir a promessa e a banda suspendeu atividades - até reunir-se novamente em 2006. Com repercussão discretíssima, Synthesizer foi lançado em 2007 e também sem muito alarde, James Cassidy, Paul Robb e Kurt Harland editaram em Setembro o novo _Hello World, pelo selo de Robb, HAKATAK International. O primeiro single (saiu em Março) "Land Of The Blind", tenta juntar os dois mundos relativamente bem sucedidos do grupo: o freestyle de "What's On Your Mind" e o techno de "Peace & Love, Inc.", mas a fusão não passa de autoparódia. Os fãs xiitas (brasileiros, especialmente) vão encontrar motivos pra comemorar o retorno do trio na bem feitinha "Get Back" e no pop sintético de "Above and Below", mas a patética "Beautiful World" e a balada com sessão de cordas transistorizadas "Tomorrow the World" já seriam suficientes para que o álbum se chamasse _Goodbye World.

"Land Of The Blind":      




O And One não é propriamente uma "banda dos 80", embora tenha sido fundada nesta década. O som do grupo incorpora elementos de EBM, synthpop e industrial, algo que fica evidente em Magnet, o lançamento mais recente (Agosto) do quarteto e que estou tentando até agora entender. Trata-se de um Box Set com três CDs, nomeados como Magnet, Propeller e Achtung 80!. Fora isso, há ainda a Premium Edition, com três CDs extras que são, como indica o nome, Live On Stage 1, 2 e 3. Magnet é o darkwave do pacote, tem sintetizadores mais sombrios e clima nubladão, comuns ao gênero. As faixas cantadas em alemão, curiosamente, são as que soam melhor - talvez por serem totalmente incompreensíveis pra mim - e acabam combinando com a desolação de músicas como a misteriosa "Zeit Ohne Zeit". Propeller tem uma pegada EBM de inferninho gótico, dançante ("Synchronizing Bodies") e ameaçador ("An Alle Krieger!"). Aqueles baixos impulsivos de Oberheim Xpander do começo da carreira do Nitzer EBB, estão na maior parte desse disco ("Zwei Tote", "Before I Go" e claramente em "U-Boot-Krieg In Ost-Berlin"). Achtung 80! dá uma desopilada no som e pega leve em canções technopop inofensivas, com melodias ingênuas e instrumental primário, como na constrangedora "Girls On Girls". Não consideraria esse lançamento uma espécie de suicídio comercial, já que edições como essa hoje (amparadas pelo selo do grupo, Deutschmaschine Schallplatten) são quase que puramente artesanais, mesmo... Os problemas com o And One são outros: não trazem nada de novo, chupinham o que já foi feito e ainda são incapazes de produzir canções realmente relevantes, do ponto de vista literário ou musical. Mesmo assim, dá pra pescar faixas interessantes nesse lançamento triplo dos alemães.

Uma geral em Magnet, um dos volumes da trilogia:

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Lasgo

Sem essa de guilty pleasure. Não tenho o menor pudor em admitir que curto o single debut dos belgas do Lasgo, "Something". Ah sim, a letra tem rimas tipo poeminha da quarta série ("Hold me in your arms / And never let me go / Hold me in your arms / Cause I need you so"), é um trance pop ordinário, uma armação programada pra estourar... mas e daí? Foi bem feitinho e funcionou. Lançado na terra natal do grupo no começo de 2001, a faixa foi subindo nas paradas europeias até cair a ficha da Positiva e o selo (subsidiário da EMI) jogar no mercado inglês quase um ano depois (chegou ao quarto lugar na ilha). Outros singles - obviamente com a mesma fórmula - vieram ("Surrender", "Alone"), mas a popularidade do projeto foi diminuindo gradativamente. Em "Something", me agradam os timbres dos sintetizadores, gosto do fato de uma faixa dance absolutamente descompromissada como essa ter sido tão popular e gosto, especialmente, da vocalista Evi Goffin. Nem tanto pela sua voz.

"Something": first train to Trancentral.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Réquiem


"We feel like this is a goodbye to the traditional album format…"
Conforme comunicado do Röyksopp em seu site oficial, o próximo álbum da dupla, sintomaticamente chamado The Inevitable End, vai ser o último. A má notícia vem seguida da alentadora frase postada no perfil do Facebook do duo norueguês: "We're not going to stop making music, but the album format as such, this is the last thing from us…" Então tá tudo certo. Aproveitando a deixa, o Röyksopp postou um trecho do novo single "Skulls", com um vocoder sinistro e manipulação espantosa da tranqueira cibernética.  

"Skulls": despedida sombria.