domingo, 5 de outubro de 2014

Synthpoppers 2014 - Part 2

Veteranos. Três bandas vindas dos 80, três projetos que não envelheceram muito bem. Erasure, Information Society e And One seguem na ativa, mas com álbuns um tanto decepcionantes. 

Os fãs de Andy Bell e Vince Clarke não podem acusar a dupla de improdutividade. De 1986 pra cá, são 16 álbuns, fora projetos paralelos, EPs e singles. O disco mais recente é The Violet Flame, lançado mês passado e produzido em parceria com Richard "X" Philips. É ouvir uma vez e sacar que o Erasure continua com o mesmo problema que vem desde I Say I Say I Say (1994): irregularidade. O duo simplesmente não consegue mais produzir um álbum em que ao menos metade dele seja realmente de boas canções. Em The Violet Flame, as faixas mais legais foram estrategicamente colocadas no começo e são só duas: "Dead of Night" (que aparenta ter bom potencial pra pista de dança) e o single "Elevation", em que nota-se um cuidado maior com a melodia e o refrão. "Reason" e "Paradise" são duas amostras de como o Erasure conseguiu trazer o synthpop pra 2014 sem muitas rugas: com o bom direcionamento proporcionado pelo esperto Richard X, elas soam musicalmente robustas sem perder o charme particular dos sintetizadores de Vince Clarke. Negócio é que eu imagino a briga no estúdio pra conter o ímpeto de Andy Bell em baladas cabaré totalmente insossas como "Be the One" e "Smoke & Mirrors".

"Dead Of Night":





O conceito de uma sociedade informatizada ficou nos 80, hoje ele é realidade. Já o Information Society nessa época jurou que não carregaria seus teclados antiquados pra cima dos palcos num futuro não muito distante. Em 1997, eles pareceram cumprir a promessa e a banda suspendeu atividades - até reunir-se novamente em 2006. Com repercussão discretíssima, Synthesizer foi lançado em 2007 e também sem muito alarde, James Cassidy, Paul Robb e Kurt Harland editaram em Setembro o novo _Hello World, pelo selo de Robb, HAKATAK International. O primeiro single (saiu em Março) "Land Of The Blind", tenta juntar os dois mundos relativamente bem sucedidos do grupo: o freestyle de "What's On Your Mind" e o techno de "Peace & Love, Inc.", mas a fusão não passa de autoparódia. Os fãs xiitas (brasileiros, especialmente) vão encontrar motivos pra comemorar o retorno do trio na bem feitinha "Get Back" e no pop sintético de "Above and Below", mas a patética "Beautiful World" e a balada com sessão de cordas transistorizadas "Tomorrow the World" já seriam suficientes para que o álbum se chamasse _Goodbye World.

"Land Of The Blind":      




O And One não é propriamente uma "banda dos 80", embora tenha sido fundada nesta década. O som do grupo incorpora elementos de EBM, synthpop e industrial, algo que fica evidente em Magnet, o lançamento mais recente (Agosto) do quarteto e que estou tentando até agora entender. Trata-se de um Box Set com três CDs, nomeados como Magnet, Propeller e Achtung 80!. Fora isso, há ainda a Premium Edition, com três CDs extras que são, como indica o nome, Live On Stage 1, 2 e 3. Magnet é o darkwave do pacote, tem sintetizadores mais sombrios e clima nubladão, comuns ao gênero. As faixas cantadas em alemão, curiosamente, são as que soam melhor - talvez por serem totalmente incompreensíveis pra mim - e acabam combinando com a desolação de músicas como a misteriosa "Zeit Ohne Zeit". Propeller tem uma pegada EBM de inferninho gótico, dançante ("Synchronizing Bodies") e ameaçador ("An Alle Krieger!"). Aqueles baixos impulsivos de Oberheim Xpander do começo da carreira do Nitzer EBB, estão na maior parte desse disco ("Zwei Tote", "Before I Go" e claramente em "U-Boot-Krieg In Ost-Berlin"). Achtung 80! dá uma desopilada no som e pega leve em canções technopop inofensivas, com melodias ingênuas e instrumental primário, como na constrangedora "Girls On Girls". Não consideraria esse lançamento uma espécie de suicídio comercial, já que edições como essa hoje (amparadas pelo selo do grupo, Deutschmaschine Schallplatten) são quase que puramente artesanais, mesmo... Os problemas com o And One são outros: não trazem nada de novo, chupinham o que já foi feito e ainda são incapazes de produzir canções realmente relevantes, do ponto de vista literário ou musical. Mesmo assim, dá pra pescar faixas interessantes nesse lançamento triplo dos alemães.

Uma geral em Magnet, um dos volumes da trilogia:

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