sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Sexta Feira Bagaceira: Kelly Key


Não se engane. Por trás dessa voz infantojuvenil e da temática aparentemente pueril, Kelly de Almeida Afonso Freitas realizou em 2001 um single pioneiro. Seu debut "Escondido" fundiu pop e R&B de um jeito que o Brasil ainda não tinha ouvido. Produzida, arranjada e executada pelo experiente DJ Cuca, a faixa tem vários elementos que a emparelham com gente grande da gringa da época (Christina Aguilera, Britney Spears), muito bem distribuídos em seus três minutos e meio: do Auto-Tune usado com moderação à guitarrinha funkeada no segundo plano, dos scratches (do próprio Cuca) à ótima programação de bateria, da citação do grupo TLC no loop de violões ao rap deliciosamente desengonçado de Kelly. E não foi só isso. A letra foi na contramão do caminho romântico-fantasioso trilhado pela angelical e soporífera Sandy, falando abertamente sobre sexo e independência pra uma manada de adolescentes que espelhavam exatamente o que o vocal doce e de notas suaves de Kelly relatava. Recém contratada da Warner, "Escondido" ganhou alguns narizes torcidos assim que foi lançada (um excessivo e hipócrita sentimento de pudor pela maneira clara com que o tema foi tratado) e só foi estourar de fato depois que o segundo single de Key, "Baba", tornou-se um dos maiores hits de 2001. Meio sem querer, Kelly Key acabou abrindo caminho pra uma geração que inclui Ludmilla, Anitta e Perlla - mesmo que elas (ou seus respectivos produtores) tenham optado pelo funk carioca como linguagem. Hitaço.

"Escondido": "A inveja mata os impuros de coração..."

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