quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Melhores de 2016 - Discos (#05: Robbie Williams)


O pop é o patinho feio de listas tipo "Melhores do Ano". Ah sim, recentemente teve a Taylor Swift que há dois anos (pra mim, inexplicavelmente) arrebatou a crítica com seu 1989. E tem a Beyoncé, que faz seduzir publicações com álbuns em que ela costuma exaltar o quanto é inteligente e esperta de duas em duas estrofes. Mas isso é meio fora da curva, porque esse pessoal designado para decodificar a música alheia costuma habitualmente optar por discos que tenham o carimbo "Grande Arte" estampado na capa. Eu desconfio sempre. Não lembro de ter visto The Heavy Entertainment Show, décimo primeiro álbum (já?) de Robbie Williams, em alguma seleção desta espécie. Não que o britânico esteja preocupado com isso, imagino. Mas fico pensando nos porquês. Produzido por um batalhão de gente (sete colaboradores, incluindo o frequente parceiro Guy Chambers e Stuart Price), o disco é, sem dúvida, o melhor de Robbie em anos. Atira em vários alvos com índice de acertos bem alto: na Deluxe Edition, o trabalho reúne 16 faixas e é diverso e bom o bastante para garantir mais de uma hora de diversão (ou entretenimento, bem claro) sem cair na monotonia. Os exemplos são muitos. A gaiatice de "Party Like a Russian" esconde uma produção esmerada; com sample de música clássica cirurgicamente colocado entre as estrofes, um coro que parece entoado pelo próprio exército russo e uma sacaneada light em Vladimir Putin. "Motherfucker" é um rockão que poderia facilmente ter sido composto por Noel Gallagher, "Bruce Lee" parece ter saído de algum Roxy Music da primeira metade dos 70, o climão glitter/decadente da malemolente "Hotel Crazy" (dividida com Rufus Wainwright), o arranjo Broadway do soul "Sensational", o pop radiofônico de "Sensitive", "When You Know" e do hit "Love My Life"... e isso é só metade do disco. Williams é o típico cínico alto astral que o pop precisa. Galhofeiro, piadista, canastrão bem intencionado. Mas ele espera que você perceba isso sem precisar se desmanchar em autoelogios em álbuns como esse Heavy Entertainment Show, uma coleção pop irrepreensível.

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