terça-feira, 16 de maio de 2017

Ciclo Completo


Nos anos 80, cada novo single do New Order era um acontecimento. Eles privilegiavam tanto a arte do doze polegadas que só depois de dois discos, em 1985 (Low-Life), resolveram os incluir nos álbuns. E junto com cada single, vinham remixes, versões dub e extended... uma festa para os DJs - que se consolidou definitivamente em 1987 com o lançamento da coletânea obrigatória Substance. A relação da banda de Manchester com as danceterias era tão estreita que alguns LPs tinham bem definidos o lado A (mais roqueiro) e o B (mais dançante): Power, Corruption & Lies (1983), Brotherhood (1986) Technique (1989), são bons exemplos.

Tudo nos conformes, então, com o lançamento mês passado do EP Music Complete: Remix (Mute), que traz versões alternativas para algumas canções (cinco) do ótimo álbum Music Complete, de 2015, que, diga-se, é o melhor do New Order dos últimos 20 anos (mais precisamente, desde Republic, de 1993).

Uma das coisas mais legais do EP é que eu nunca vi mais gordo ninguém que submeteu as músicas do New Order ao bisturi. Gente como o DJ e produtor japonês Fumitoshi Ishino (a.k.a. Takkyu Ishino) que transformou a já originalmente suingada "Tutti Frutti" numa viagem Acid House com uma profusão de arpejos de sintetizador e basslines de TB-303 alucinantes.


"The Game" e "Academic" foram retrabalhadas pelo produtor britânico Mark Reeder: a primeira passou do rock eletrônico pro downtempo (Spielt Mit Version), num novo arranjo que valorizou ainda mais as belas cordas da original; a segunda (uma das melhores de Music Complete) ganhou uma batida 4x4 forte, recortes das guitarras originais e uma linha de baixo propulsora. "People on the High Line" (pelas mãos do duo alemão Purple Disco Machine) virou a trilha perfeita para o hedonismo de Ibiza, repetindo infinitamente o trecho da letra "It's all gonna be alright" e adicionando pianos House e um bassline gordo e melódico de Disco Music.


"Restless" (com remix do francês Sébastien Devaud a.k.a. Agoria) fecha o EP com uma ótima versão instrumental tech-house para a ligeiramente melancólica faixa de abertura de Music Complete.

Não sei qual o critério usado para a escolha das faixas que foram remixadas em Music Complete: Remix EP, porque o álbum, em si, é de uma homogeneidade que só deve ter tornado mais difícil a decisão de pinçar só cinco canções e entregá-las para as reconstruções desse pessoal que trabalhou admiravelmente bem, porque o EP é sensacional. E bem que poderia abrir a possibilidade de um Remix EP II, que se for nesse nível aí, vai ser muito bem vindo.


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