segunda-feira, 29 de maio de 2017

Fool's Gold



Aos fãs mais empolgados do músico e produtor britânico William Bevan (a.k.a. Burial), um aviso: nem tudo que ele toca vira ouro. Fato é que ficamos mal acostumados com a excelência de seu dubstep sombrio e indecifrável, a saber, perpetrado num álbum muito bom (Burial, de 2006) e em outro, à centímetros da perfeição (Untrue, 2007). De 2007 pra cá, só EPs e alguns singles gravados com gente como Four Tet, Thom Yorke e Massive Attack, com resultados não tão impactantes quanto as canções contidas em Untrue, mas bastante interessantes.



 O EP Subtemple (Hyperdub) saiu agora em Maio, em quatro formatos de áudio digital (AIFF,  ALAC, FLAC e MP3) e num vinil 10 polegadas. As duas faixas, "Subtemple" e "Beachfires", são longas (7:23 e 9:54 minutos, respectivamente) e não diferem muito uma da outra. No geral, é um experimento de música ambiental de tons escurecidos por synths e ruídos desordenados de estética glitch, com um sample vocal cadavérico em "Subtemple" e sintetizadores celestiais/ameaçadores em "Beachfires". Não vai faltar gente pra dizer que é genial, pós-qualquer coisa ou o surrado clichê "música que desafia rótulos". Eu achei chato e pretensioso pra cacete. São 18 minutos de tensão, sons perturbadores e suspense que, na versão em LP, devem fazer os estalos e cliques do vinil soarem mais interessantes que a música, propriamente dita. Algo me diz que a soberba já anda frequentando os trabalhos recentes de Burial. Só isso justifica provocar o ouvinte desse jeito.
 

"Subtemple"/"Beahfires": teste de paciência.

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